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sexta-feira, 5 de abril de 2013

Voa, anjo.


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          Me sentei no degrau que marcava o topo da escada. Já era tarde e eu insistia em me lembrar, de cinco em cinco minutos, que eu deveria estar dormindo. O dia não tinha sido lá muito tranquilo, e o que estava para amanhecer também prometia não ser. Mas, embora não estivesse aguentando o peso do meu próprio corpo, não queria dormir. Às vezes é assim; a gente não consegue lidar com o próprio sono, mas não quer ir deitar. Anda capengando por aí, mais para lá do que para cá, mas não admite que precisa descansar. Ou pior: não pode com o peso do próprio fardo, mas não se permite desistir.
         Não tem sido fácil, sabe? Isso de ter de suportar a tempestade, quero dizer. Não é um dia de chuva, como esses que faz quando o Sol decide tirar folga. Nem é uma semana de dias nublados em que a mulher do tempo promete céu azul na próxima segunda-feira. Que fosse na terça, ou quarta. Contanto que fosse. Mas não é isso, é tempestade. É chuva forte que perdura há tempo, que insiste em ficar e ao invés de amenizar com o passar dos dias, semanas e meses, só se faz piorar. A cada dia o céu parece estar mais escuro, a chuva mais forte, a umidade maior. Os raios mais claros e os trovões mais altos.
         Todos os dias dou a mim e ao tempo uma segunda chance. Uma chance que pudesse fazer tudo ficar bem, que me desse uma razão para sentir que o que me sobrou é o suficiente. Eu te espero, e você não vem. E eu sei que não virá; não por que não quer, muito pelo contrário. E é difícil no fim do dia eu precisar de uma distração, de um segundo dentro do teu abraço, da tua calma pra pôr no eixo o que saiu ao longo do dia.
         Tô cansada de manter a linha sem me afundar nessa doce loucura. Como era o anjo que te levou? Talvez eu encontre um pouco de paz esta noite. Talvez eu te encontre. Nos braços de um anjo, talvez eu voe para longe daqui.

Beijos e me liga para contar quem você espera de volta :*

Sou amante e adepta de vestir o fardo alheio e produzir a partir disso. Acho legal quando conseguimos escrever sobre o que não está, necessariamente, acontecendo com a gente.

14 comentários:

  1. Sua frase final é perfeita, mas somos muito diferentes, pois eu escrevo, componho, canto, pelo que ainda não superei. Acontecimentos, pessoas, sentimentos, que ainda estão aqui. Dou uma maquiada no cenários mas minhas digitais estão ali, em algum lugar e para quem é bom em investigação, logo encontra alguma coisa. ;)

    Nossa, faz muito tempo que não passo aqui, aproveitar para desejar prosperidade, pelo início do ano, pascoa e todo resto. beijos

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  2. Quando terminei de ler, uma única palavra passou pela minha mente: Lindo!!
    O texto ficou lindo. Sombrio e delicado ao mesmo tempo.
    Adorei!!!

    http://nofimdeumlivro.blogspot.com.br/

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Primeiro: concordo com sua observação final. Constantemente faço isso e tento não parar nunca.

    Sobre o texto... Muito lindo. Eu já te falei que o teu blog me passa uma certa paz e tranquilidade. Mas os textos também me passam isso. Poderia estar lendo aqui sobre qualquer coisa, mas sempre me parece tudo muito sereno. Gosto bastante disso :) Parabéns!

    www.alquimistadesonhos.com

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  5. Gostei do texto, apesar de ter feito eu lembrar de uma época que eu já queria ter esquecido. É triste, mas é o que sempre acontece.

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  6. Uauau um belo texto, bem delineado, inteligente com textura de inicio, meio e final, viajei na imaginação e gostei do seu propósito de postagem, um mimo, pra vc bjos, bjos e bjosssssssssss

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  7. Yasmin,
    Eu adorei seu texto. Sabe, as vezes porque a chuva é forte, nós achamos que ela vai se estender por vários dias, quando na verdade, ela já está passando, imagina se não passasse? O que aconteceria com o sol? Ele está lá mesmo na presença da chuva, nós é que temos que ter a capacidade para enxerga-lo.

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  8. É meio a situação que estou passando.
    Sou mais forte do que pensava ser.

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  9. "Todos os dias dou a mim e ao tempo uma segunda chance. Uma chance que pudesse fazer tudo ficar bem, que me desse uma razão para sentir que o que me sobrou é o suficiente. Eu te espero, e você não vem. E eu sei que não virá; não por que não quer, muito pelo contrário. E é difícil no fim do dia eu precisar de uma distração, de um segundo dentro do teu abraço, da tua calma pra pôr no eixo o que saiu ao longo do dia."
    Que texto ma-ra-vi-lho-so! Cheio de entrelinhas e um sentimento forte desse que transbordam até invadir a alma.
    http://denovomaisumavez.blogspot.com.br/

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  10. É incrível mesmo quando escrevemos sobre aquilo que não está acontecendo com a gente. Às vezes - como é o caso desse seu texto - soa tão profundo e tão íntimo que parece real. É um talento que você tem, sem dúvidas. Falou dessa ''tempestade'' que vez ou outra cai sem avisar com uma propriedade incrível e capaz de transferir a angústia, a dor. Adorei, Yasmin! Você sempre arrasa. *-*
    Beijos!

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  11. "Tô cansada de manter a linha sem me afundar nessa doce loucura. "

    Eu espero encontrar meu anjo hoje a noite e todas as outras, você criou o dom de escrever contos e textos surreais que fazem a gente viajar no tempo, espaço, ficar imaginando a cena.
    Ficou lindo!

    Beijos

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  12. A cada texto eu te acho mais linda, mesmo sem te conhecer, de verdade.
    Tenho passado por uns dias cinzas por dentro de mim, mas tento esconder com um sorrisinho e outros assuntos essas tantas dúvidas que eu tenho carregado mundo a fora. É difícil, tô esperando então que os anjos me tragam a resposta. Um beijo lindona

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  13. "Sou amante e adepta de vestir o fardo alheio e produzir a partir disso". É mais ou menos assim comigo...tua escrita é linda!

    vivapaulatinamente.blogspot.com.br

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  14. Hahhahahaha! Vestindo o fardo alheio? Será mesmo? Enfim, adorei o texto. Mostra de forma explicita como é foda sentir falta de alguém e esse alguém nunca mais voltar. Parece muitas vezes que esse jogo de se apaixonar na maioria das vezes não é recíproco e acaba sobrando dor e ressentimento.
    Uma espera sem fim e que machuca cada vez mais. Mas enfim, adorei o texto!

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Não leio mentes ainda, então não vou saber o que você achou a menos que comente.